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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Tomada de posse da nova Comissão Política da JpD em Santa Catarina



No dia 11 de Janeiro, César Fortes(Coordenador da JpD de S.Vicente)deslocou-se á ilha de Santiago para participar na tomada de posse do novo Coordenador da JpD de Santa Catarina.
Amândio de Pina Furtado é o novo coordenador da Juventude para a Democracia, JpD, no concelho de Santa Catarina, foi empossado no dia 11 de janeiro na presença de amigos, simpatizantes, militantes e alguns responsáveis políticos do Movimento para a Democracia. Relembrar que a eleição aconteceu no dia 7 de Dezembro último.
Para breve (24 de Janeiro), a JpD realizará uma campanha nacional para a recolha de sangue, para demonstrar que a juventude cabo-verdiana também está preocupada e empenhada a dar a sua vida para o melhoramento da vida de todos que necessitam.
Miguel Monteiro afirmou que a Juventude para a Democracia já está organizada em 22 concelhos do país e o objectivo, à semelhança destes, é criar comissões em todos os outros municípios do arquipélago para, depois, dar início ao plano de actividades que deverá ser implementada ainda no decorrer deste ano. «Os jovens esperam e a JpD promete tudo fazer para o desenvolvimento deste país, com a participação massiva dos jovens que sãos os pilares fundamentais do desenvolvimento de Cabo Verde», fez saber Monteiro.
Recorda-se que a comissão coordenadora da JpD em Santa Catarina, foi empossada ontem, 10, na presença do Presidente da JpD Miguel Monteiro e dos vice-presidentes da organização das ilhas de Santiago, São Nicolau e São Vicente ( César Fortes).

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Balanço 2008: Os cabo-verdianos não viveram melhor!


1. A qualidade da nossa democracia conheceu altos com as Eleições Autárquicas e a Moção de Confiança de Novembro e baixos com um avolumar de grandes obras públicas e concessões públicas sem concurso, atribuição de avultados e duvidosos subsídios e grandes trapalhadas no engajamento do Estado (protocolos).

As autárquicas de Maio foram uma prova para os renovados instrumentos como o Código Eleitoral, o Recenseamento e a Comissão Nacional de Eleições que, pelo desempenho satisfatório, erigiram-se em ganhos claros para a justiça e a transparência eleitorais. Já não se pode dizer o mesmo dos actores políticos em que a compra de votos, a perturbação na "Boca de Urna", a intromissão descarada do Governo e declarações incendiárias como aquelas do candidato do PAICV na Praia que, mesmo ao lado do Primeiro-Ministro, acusou a oposição e os advogados de estarem ligados a dinheiro sujo da droga, ensombraram o acto eleitoral.

Uma Moção de Confiança, por mais banal que seja, representa, sempre, uma valorização do Parlamento como sede soberana do poder. Com cartas marcadas, representou um acto falhado e despropositado pois o fundo da questão permaneceu a mesma, isto é, os desenvolvimentos futuros em sede das investigações podem, a qualquer momento, ditar notícias embaraçosas para o Governo cabo-verdiano.

Com as adjudicações "boca a boca" de grandes obras públicas a chegarem aos 14 milhões de contos, com concessões de produção de água a serem negociadas sem concurso público, com o constante aumento da influencia de intermediários e de lobbies como no caso do tratamento dos resíduos sólidos, com grandes subsídios a serem doados directamente a empresas que nem sequer começaram a operar, caso dos cem mil contos à Fast Ferry, a Transparência e a Ética na Gestão da Coisa Pública foram, profundamente, abaladas pelo Governo.

2. As relações externas conheceram avanços na Parceria Especial com a União Europeia e numa maior dinâmica no seio da CEDEAO, devendo-se realçar pontos positivos junto das comunidades emigradas como o lançamento de Casas de Cabo Verde ou Casas de Cultura. Faltou, no entanto, um posicionamento claro na diplomacia económica e na integração económica, científica, cultural e social dos cabo-verdianos emigrantes como dois eixos estratégicos prioritários das nossas relações externas.

A Lei e a Ordem continuaram a ser o calcanhar de Aquiles da governação do País. Dezembro confirmou a libertação de agentes da Polícia Judiciária alegadamente implicados no roubo de 120 quilos de cocaína nos armazéns da própria polícia. A expiração do prazo para a sua manutenção em regime de prisão preventiva não pode ser assacada somente à habitual morosidade da Justiça, mas também, às suspeições de teias de interesses e de corrupção que vão minando as instituições.

Cabo Verde no circuito do crime organizado, na sua expressão Actividades Ilícitas da Banca "Off Shore", Lavagem de Capitais e Plataforma Giratória da Droga, manchou a nossa imagem no mundo, ao mesmo tempo que a segurança interna constatou mais assassinatos por ajuste de contas, mais insegurança nas ruas com a generalização pelo País de fenómenos como "thugs" e "caço boby", mais casos de pedofilia e de violação de crianças, tudo num contexto da alta, média e pequena criminalidade que justificariam um melhor tratamento político do Pacote da Justiça apresentado na Assembleia Nacional.

A descentralização abandonada nas ruas da amargura, poderá sofrer mais uma machadada com a propalada institucionalização do Delegado do Governo, pois, ao invés do reforço das atribuições das autarquias, vai criar um poder paralelo sufocante dos autarcas.

3. A economia não ficará na boa memória dos cabo-verdianos, pois foi o ano da inflação em alta (7%, contra previsão de intervalo (2%;3%)) e do abrandamento económico (previsão de intervalo (7%;8%) para (6%;7%)), com grandes sombras negras a pairar sobre os empresários (com destaque para os do sector turístico, seja de alojamento e restauração, seja da imobiliária), sobre o défice da balança de pagamentos e sobre o endividamento. No entanto, o Governo conseguiu uma boa mobilização de recursos na ajuda orçamental e no financiamento dos investimentos públicos.

Foi o ano da continuação da crise da energia com populações como a Brava, Mosteiros, Calheta e Santa Cruz a passarem mais de mês sem energia eléctrica, mas também, do aumento dos preços dos produtos alimentares, dos produtos petrolíferos e da crise financeira, com os operadores económicos nacionais a terem problemas no acesso ao crédito internacional e, para mal dos nossos pecados, com a ajuda do governo que, em má hora, lembrou - se de complicar o acesso à propriedade dos terrenos.

A nossa vida complicou-se com mais taxas, no caso, a Taxa de Manutenção Rodoviária e a Taxa de Iluminação Pública, mas foi, também, um ano estruturante do nosso comércio com a nossa adesão à Organização Mundial do Comércio, algo de longo alcance e que consolida um ciclo de grandes reformas iniciadas na década de noventa.

A crise dos transportes marítimos, com ilhas como o Fogo, a Brava, o Maio e a Boavista a serem altamente fustigadas pelo isolamento, continuou a demonstrar o grande falhanço do governo neste sector. Alguns ganhos obtidos no sector aeroportuário, com destaque para o Aeroporto de S Vicente, foram ensombrados pela crise dos TACV.

4. O desemprego continuou a ser a principal preocupação dos cabo-verdianos, com o Governo a não acertar numa política económica geradora de empregos. Em 2008, os cabo-verdianos ficaram a saber que, longe de atingir um valor abaixo dos 10% como prometido pelo Governo, houve um agravamento de 21,1% em 2006 para 21,7% em 2007, atingindo, particularmente, os jovens (nas zonas urbanas chega a 46,2%) e regiões como Santa Cruz, Santa Catarina no Fogo e S Vicente onde pode chegar aos 30%.

Pioram esse quadro, as falhas na Educação e Formação Profissional com o abandono e insucesso escolar em alta, a desorientação na política do ensino superior (bolsas de estudo e universidade pública) e uma ausência de reformas que mantém o ensino generalista e estrategicamente desadequado.

O ano que vai findar foi madrasta para a função pública no geral e para várias classes profissionais em particular. Tudo porque o Governo os penaliza com a sua política salarial e de gestão das carreiras, pois, com a inflação a chegar aos 7%, só houve um aumento salarial de 2,5% e as progressões, promoções ou estatuto profissional a prejudicar, entre outros, os professores, médicos, enfermeiros, guardas prisionais e funcionários dos registos, notariado e identificação.

Houve orgulho do Primeiro-Ministro com uma baixa, em oito anos, de 10% na pobreza, esquecendo - se do limiar da pobreza nos 49 485$00 per capita/ano (136$00 por dia), dos 130 900 cabo-verdianos que, mesmo com esse limiar, vivem na pobreza e de regiões como o Interior de Santiago, S Antão e Fogo onde a taxa de pobreza é superior a 40%.

Sintomaticamente, Cabo Verde baixou, em 2008, da posição 103 para 118 no Índice de Desenvolvimento Humano do PNUD, facto que merece ser profundamente pensado!

Um melhor 2009 para todos, pois, globalmente, a vida das pessoas não melhorou em 2008!



2-1-2009,
José Luís Livramento, Expresso das Ilhas

MpD PEDE INFORMAÇÕES AO CONSELHO DE MAGISTRATURA



Elísio Freire refere em carta ao CSM que deputados do MpD “têm sido interpelados, intensamente, por inúmeros cidadãos, preocupados”. O Grupo Parlamentar ventoinha entende que “todas as entidades públicas, incluindo os próprios tribunais, estão vinculados ao dever de prestação de informações relevantes, sem prejuízo do segredo justiça, especialmente quando pode estar em causa a intranquilidade pública. A hipótese de libertação de presuntivos homicidas por incumprimento de prazos num processo com um mediatismo enorme e com grande impacto sobre a imagem da justiça e do País no mundo, assume gravidade sem precedentes, causando forte alarme social, no País e no estrangeiro”

Praia, 1 Janeiro – Em carta datada de 30 de Dezembro, o líder da bancada parlamentar do MpD, Fernando Elíseo Freire, escreveu ao presidente do Conselho Superior da Magistratura, na qual desejando com oportunidade as “Boas Festas” da praxe, o questiona sobre as notícias vindas a lume dando conta que “foram postos em liberdade, por incumprimento de prazos judiciais, os presumíveis homicidas das italianas na Ilha do Sal”. Elísio Freire refere na carta que deputados do seu partido “têm sido interpelados, intensamente, por inúmeros cidadãos, preocupados com a notícia divulgada”, pelo que solicita informações sobre o caso, “pois crê o Grupo Parlamentar que todas as entidades públicas, incluindo os próprios tribunais, estão vinculados ao dever de prestação de informações relevantes, sem prejuízo do segredo justiça, especialmente quando pode estar em causa a intranquilidade pública. Na verdade, a hipótese de libertação de presuntivos homicidas por incumprimento de prazos num processo com um mediatismo enorme e com grande impacto sobre a imagem da justiça e do país no mundo, assume gravidade sem precedentes, causando forte alarme social, no País e no estrangeiro, estando o MpD convencido de que os órgãos constitucionalmente competentes irão agir, com prontidão e firmeza, de sorte a afastar qualquer peregrina ideia de impunidade ou abandalhamento do sistema de administração de justiça”.

Recorde-se que o caso da libertação dos presumíveis assassinos das italianas, cujos corpos apareceram em Fontona, estavam já condenados a 25 anos de prisão, mas com recursos pendentes no Supremo que, por atraso de despacho, fez extravasar os prazos legais de prisão preventiva, justificando o accionamento de habeas corpus. A morosidade (absurda) do Supremo fabricava assim mais um caso a juntar a outros recentes: os agentes da Polícia Judiciária, detidos sob implicação do roubo de cocaína dos armazéns da PJ, onde estava retida, foram postos em liberdade também por ter expirado o prazo legal da prisão preventiva. Com estes casos, a imagem da Justiça, já pouco famosa em consequência da sua morosidade e das suspeitas de protecção a quem se encontra na órbita do poder, ficava altamente lesada, com a agravante destes casos terem tido enorme repercussão no estrangeiro.

À perplexidade e indignação dos cabo-verdianos junta-se agora o achincalhamento da imagem do País e da sua Justiça no estrangeiro. Finalmente, os partidos políticos reagem – já o fez o MpD, o PAICV mantém-se em inquietante silêncio. Entretanto, encontra-se demissionário o presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do Conselho Superior de Justiça, Benfeito Mosso Ramos. Nalguns meios relaciona-se o afastamento de Mosso Ramos ao facto de ter sido indigitado para ocupar um alto cargo no estrangeiro, mas alguns fontes relataram a Liberal que o presidente do Supremo se encontra deveras agastado e inquieto com a evolução da Justiça no País.